Félix Carvalho defende que combater o estigma é uma função fundamental da liderança política

O Presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Farmacêuticos, Professor Félix Carvalho, sublinha, em entrevista publicada na revista Substância Ativa da AEFFUP, que os líderes políticos têm um papel “absolutamente decisivo” na desconstrução de estigmas, porque são eles que moldam as políticas, as normas e o discurso público que orientam a forma como a sociedade percebe e trata os outros.

Segundo Félix Carvalho, a luta contra o estigma faz-se em várias frentes: No plano simbólico, com linguagem pública que não discrimina e que dá visibilidade a grupos vulneráveis. No plano programático e legislativo, revendo normas desatualizadas e eliminando dispositivos que perpetuam desigualdades no acesso à saúde, educação e emprego.

No plano orçamental, reservando verbas estáveis para campanhas de literacia, formação de profissionais e projetos de inclusão. No plano relacional, aproximando o poder político das comunidades estigmatizadas, ouvindo-as fora dos grandes centros. No plano epistémico, ancorando as decisões em evidência científica e em relatórios independentes.

Félix Carvalho alerta ainda para o risco de instrumentalização política do estigma, lembrando que usar preconceitos contra determinados grupos “corrói a coesão social” e fragiliza a própria democracia.

Em contrapartida, defende que uma sociedade bem informada tende, a médio prazo, a valorizar a coragem política e a integridade. No campo da saúde, o professor aponta prioridades claras: acesso real e universal ao SNS para pessoas com doença mental, dependências ou em situação de sem-abrigo; formação obrigatória dos profissionais em linguagem inclusiva e preconceito implícito; e medição pública do impacto do estigma (taxas de abandono, satisfação dos utentes, barreiras culturais). “Combater o estigma exige mais do que legislação — exige empatia. É preciso calçar os sapatos dos outros, compreender o seu caminho e reconhecer a sua dignidade.

Só assim construiremos políticas verdadeiramente humanas.”

Gostou do artigo? Partilhe

Artigos relacionados